Obesidade: por que é uma luta diferente para cada um?
- Dra Maria Clara Oliveira
- 11 de jun. de 2024
- 3 min de leitura
Atualizado: 13 de jun. de 2024
Entenda como os padrões alimentares impactam a experiência de cada pessoa no processo de emagrecimento.

Você já se perguntou por que suas tentativas de perder peso parecem mais difíceis do que para os outros? Uma explicação possível é que a obesidade é uma doença crônica e, principalmente, multifatorial. Ou seja, está relacionada a diversos fatores - emocionais, sociais, alimentares, genéticos e até ambientais. Além disso, um estudo recente introduziu a relevância dos fenótipos, sugerindo que diferentes características físicas e comportamentais podem influenciar de maneiras distintas como cada indivíduo responde ao tratamento da obesidade.
O estudo
Neste estudo, foram sugeridos fenótipos da obesidade relacionados aos padrões alimentares. Sabemos que cada pessoa com obesidade pode ter um mecanismo de ganho de peso mais acentuado, por exemplo: alguns pacientes relatam que aumentam a ingestão alimentar devido a ansiedade; já outros afirmam que excedem na alimentação devido a dificuldade de manter saciedade, como se estivessem com fome a todo momento. Esses exemplos podem variar conforme o paciente, mas podemos classificá-los em fenótipos relacionados ao padrão alimentar; ou seja, grupos de pessoas com traços semelhantes relacionados à forma como se relacionam com a comida.
A partir deste cenário, foram identificados pelo menos quatro fenótipos distintos entre os mais de 450 pacientes avaliados.
Fenótipos detectados
→40% dos pacientes foram classificados como “Cérebro Faminto” – esses pacientes sentem muita fome, consomem grande quantidade de calorias sem se sentir cheios. A ingestão alimentar habitual tem dificuldade de promover saciação.
→30% dos pacientes foram classificados como “Fome Emocional” – essa parcela se alimenta como forma de obter prazer. É a chamada alimentação hedônica, por vezes não relacionada à fome fisiológica. O paciente costuma relatar desejo de comer para lidar com emoções positivas ou negativas.
→18% dos pacientes foram classificados como “Intestino Faminto” – esses relatam estar sempre com fome; comem e poucas horas depois já estão com fome novamente. Tem dificuldade de manter a saciedade por longos períodos.
→Os outros 12% foram classificados como “Queimadores Lentos” – pacientes com baixo gasto energético basal. Em outras palavras, são aquelas pessoas com “metabolismo mais lento”.
→Existe ainda um percentual de pacientes que possuem mais de um fenótipo e ainda aqueles que não se enquadram em nenhum deles.
Os resultados do estudo - Vencendo a obesidade
Durante o acompanhamento desses pacientes, o estudo observou que conhecer e classificar o paciente em um fenótipo específico permitiu uma perda de peso mais expressiva. Os pacientes que tiveram seus tratamentos guiados pelo fenótipo apresentaram perda de peso 1,75 vezes maior do que os pacientes que não tiveram seu tratamento guiado pelo fenótipo. Em 1 ano, 79% dos pacientes com tratamento guiado pelo fenótipo tiveram perda de peso >10%, enquanto apenas 34% dos pacientes que tiveram tratamento não guiado apresentaram perda de peso >10%.
Essas diferenças, entre outros motivos, nos ajudam a entender e explicar porque cada paciente responde a um tratamento de uma maneira diferente e porque a obesidade é uma doença tão complexa. O que esse estudo nos confirma é que entender o padrão alimentar do paciente pode ajudar a otimizar a perda de peso. Cada pessoa é um ser único e deve ser avaliada conforme suas necessidades para um tratamento cada vez mais eficaz.
Está pronto para descobrir qual fenótipo melhor descreve sua relação com a alimentação? Também estou pronta para te ajudar a iniciar uma jornada personalizada para um emagrecimento saudável e sustentável!
Comments