Tirzepatida: medicamento mais eficaz do que a cirurgia bariátrica?
- Dra Maria Clara Oliveira
- 9 de jul. de 2024
- 2 min de leitura
Estudo revela nuances da perda de peso com o uso do medicamento
A tirzepatida subcutânea uma vez por semana com dieta e atividade física afeta a manutenção da redução do peso corporal em indivíduos com obesidade ou sobrepeso?
É o que o estudo SURMOUT-4 tentou responder.
Vem comigo entender!
Foram randomizados 783 participantes para receber aplicações semanais de Tirzepatida durante 36 semanas. Esses pacientes tinham IMC ≥ 30 ou IMC = 27kg/m² com comorbidades. Na semana 36, um total de 670 participantes foram randomizados (1:1) para continuar recebendo tirzepatida (n = 335) ou mudar para placebo (n = 335) por 52 semanas.
Os participantes que completaram o período de introdução de 36 semanas tiveram uma redução média de peso de 20,9%. Ou seja, um paciente de 100 kg atingiu perda de cerca de 20 kg durante o período.
Dos pacientes que continuaram no estudo a partir da 36ª semana, 300 participantes (89,5%) que receberam tirzepatida até completar 88 semanas de tratamento mantiveram pelo menos 80% da perda de peso durante o período em comparação com 16,6% que receberam placebo.
A redução média global do peso da semana 0 à 88 foi de 25,3% para a tirzepatida e 9,9% para o placebo. Os eventos adversos mais comuns foram principalmente questões gastrointestinais leves a moderadas, que ocorreram mais comumente com tirzepatida X placebo.
O que essa medicação tem de tão diferente das outras usadas até então?
A Tirzepatida é um duplo agonista, tendo ação semelhante a dois hormônios gastrintestinais, GLP-1 e GIP, que controlam e regulam o apetite, além de auxiliarem no controle da glicose no sangue e do acúmulo de gordura.
As medicações que até então tínhamos disponíveis no mercado, liraglutida e semaglutida, eram apenas agonistas de um hormônio gastrointestinal, o GLP-1. É como se a nova medicação tivesse uma ação mais potente por agir a partir de dois mecanismos que se somam.
Resultado promissor
Que a obesidade é uma doença crônica e de difícil tratamento nós já sabemos. Mas seu tratamento tem avançado e vai avançar mais ainda nos próximos anos, principalmente porque os números em relação a obesidade infantil e adulta vem crescendo muito rápido.
E ao que indicam os estudos com a tirzepatida, a perda de peso pode ser semelhante à de uma cirurgia bariátrica, com menos efeitos colaterais e mais segurança. A depender da técnica empregada, a cirurgia bariátrica pode gerar uma perda de peso média de 20-30% no primeiro ano. A tirzepatida, como dito acima, entregou cerca de 20% de perda de peso em 36 semanas de tratamento. De fato, esse é um resultado muito promissor no tratamento da obesidade e suas comorbidades.
A tirzepatida já foi aprovada pela ANVISA e está disponível para ser utilizada como medicamento nos nossos tratamentos.
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